#06 | Queria voltar a ter 17 anos
"young, dumb & high school kids" - da minha viagem no tempo no meu diΓ‘rio para cΓ‘.
Depois que me tornei adulta, vivo com um sentimento de falta, como se nada estivesse bom o suficiente ou como se eu nunca chegasse a lugar algum.
Esses dias observei que tenho me tornado cada vez menos flexΓvel, com ideias que dificilmente repenso, ou com sentimentos difΓceis de mudar, mesmo que me apresentem diferentes perspectivas e soluΓ§Γ΅es, ou mesmo que eu mesma veja que hΓ‘ diferentes maneiras de agir. estagnei.
Uma das poucas coisas que lembro do meu passado, Γ© que eu, com 17 anos, morria de medo de viver sempre com uma mesma ideia, de ter um mesmo pensamento ou de viver sempre olhando apenas para um lado da vida. Tanto que, ao terminar o ensino mΓ©dio - lugar onde aprendi tantas coisas que mudaram a minha vida para sempre - eu decidi que queria ser professora para poder continuar aprendendo e tendo novas ideias e descobrindo coisas constantemente. E quando notei essa minha βinflexibilidadeβ com a vida, fiquei bastante chateada comigo, como se eu tivesse me quebrado uma promessa.
Eu tinha o sonho, quando adolescente, que todas as pessoas tivessem sempre a mente aberta para pensar de maneiras diferentes e assim se darem bem uns com os outros (tΓ£o ingΓͺnua). Quando cresci e notei o mundo ao redor, esse sonho foi se tornando cada vez mais distante, e acho que aos poucos, mesmo sem querer, fui me tornando parte disso. Mas eu notei, percebi a tempo essa mudanΓ§a em mim, e jΓ‘ estou buscando formas para lidar com ela e transformΓ‘-la.
AlΓ©m dessas situaΓ§Γ΅es, o mundo quando se tem 17 anos parece algo novo - pelo menos para mim foi, por causa de diversos motivos: saΓ de ambientes religiosos que nΓ£o me permitiam ser quem eu queria ser, conheci novos amigos, infelizmente me afastei de amigos antigos, e coisas assim. Outros cenΓ‘rios tambΓ©m se tornam muito desafiadores, como quando me dei conta que ciclos comeΓ§am, terminam, comeΓ§am, e que isso iria se repetir pro resto da minha vida; que o cansaΓ§o nΓ£o cessa; que as pessoas nem sempre serΓ£o da forma como esperamos, ou talvez sejam; que nem sempre vamos ter amigos por perto, ou que Γ s vezes vamos ter sim. Percebi, aos poucos, como tudo Γ© diferente do que eu achava ser quando era crianΓ§a, quando minhas preocupaΓ§Γ΅es eram mais simples, como o que levar de lanche para a escola. Notei, enfim, a imprevisibilidade da vida.
Crescer levou de mim muitas coisas, e eu fico muito feliz quando me lembro de algumas delas, principalmente coisas que me faziam pensar ββfora da caixaββ porque sinto a esperanΓ§a de mudar algo que considero ruim em mim atualmente e que estava perto de se concretizar.
Acho que hoje eu vivo por essa busca, pelos meus sonhos do passado, jΓ‘ que hoje nΓ£o tenho tantos. EntΓ£o, quando realizo algo que a minha eu adolescente ou crianΓ§a sonhou, Γ© como se eu tambΓ©m estivesse sonhando aquilo agora - atΓ© porque sou eu mesmo, nΓ©β¦ nΓ£o sei se estou fazendo entender.
Mas, apesar de buscar sempre por esses sentimentos e sensaΓ§Γ΅es do passado, nada vai se comparar Γ s vivΓͺncias dessa Γ©poca que eu estou sempre tentando encontrar.
Enfim, nunca imaginei que eu fosse pensar assim hoje, ou que eu fosse sentir saudade de um tempo que, na Γ©poca, eu queria que passasse logo. NΓ£o achei que eu fosse me tornar como aqueles velhinhos que ficam relembrando o passado, com saudade. Acho que Γ© um mal (bem?) da humanidade essa coisa de nostalgia.
Dito isso, se for ser adolescente enquanto adulto, seja com responsabilidade (ou sem mesmo, quem se importa?).
Agora: coisas do momento
Livros que estou lendo:
SeminΓ‘rio dos ratos (Lygia Fagundes) - estou gostando muito desse! estΓ‘ sendo meu primeiro contato com Lygia e estou adorando.
A amiga genial (Elena Ferrante) - esse eu tinha comeΓ§ado a ler ano passado, mas abandonei a leitura e nΓ£o sei porque desisti. estou dando uma segunda chance e gostando muito!
Carta ao pai (Franz Kafka) - outro que abandonei e estou dando uma segunda chance. ele Γ© bem curtinho e tambΓ©m nΓ£o lembro por que eu tinha abandonado (por isso hoje faΓ§o anotaΓ§Γ΅es sobre minhas leiturinhas).
Algumas mΓΊsicas que a Allana adolescente/jovem ouvia (e ainda ouve de vez em quando):
MΓΊsica que usei de inspiraΓ§Γ£o para fazer a capa desse post:
Uma playlist inteira para quem quiser mais:
Por hoje Γ© isso!
Compartilho desse sentimento de nΓ£o ter tantos sonhos como quando era adolescente. Parecida com vocΓͺ tambΓ©m me formei professora, lecionei alguns anos e passei por uma transiΓ§Γ£o de carreira aos 27 anos, hoje eu trabalho com algo que nunca imaginei que trabalharia. Mas os sonhos que realizo hoje na maioria sΓ£o sonhos da minha adolescΓͺncia. E se eles acabarem? Para quais sonhos vamos viver ?
Quando vocΓͺ diz [β¦] βAcho que hoje eu vivo por essa busca, pelos meus sonhos do passado, jΓ‘ que hoje nΓ£o tenho tantos. EntΓ£o, quando realizo algo que a minha eu adolescente ou crianΓ§a sonhou, Γ© como se eu tambΓ©m estivesse sonhando aquilo agora - atΓ© porque sou eu mesmo, nΓ©β¦ nΓ£o sei se estou fazendo entender.β [β¦] Eu me pego pensando e passando pela mesma situaΓ§Γ£o. Γ muito difΓcil abrir mΓ£o de alguns sonhos que aos 17 eu tinha e que hoje sei que nΓ£o dΓ‘ pra realizar, mas Γ© tambΓ©m muito difΓcil conseguir realizar os sonhos que sΓ£o realizΓ‘veis por falta de tempo ou financeiro. Queria voltar pra leveza e certeza de que tudo daria certo, que a vida era leve e fΓ‘cil. Ser adulto tira os brilhos dos olhos com muita facilidade.